segunda-feira, 28 de outubro de 2013

#Um ateu viaja... - Observatório Abrahão de Moraes


Neste “Um ateu viaja...”, falaremos sobre um ótimo programa para quem está em Vinhedo-SP e não pode deixar de fazer um ótimo passeio e, melhor ainda, ganhar conhecimento dos céus!
O Observatório Abrahão de Moraes (OAM) do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférias da Universidade de São Paulo (IAG-USP) foi fundado em 19 de Abril de 1972 e desde então vem desempenhando suas funções como laboratório científico e ao mesmo tempo como difusor do conhecimento através de suas atividades de ensino e divulgação científica. Seu nome é uma homenagem ao Prof. Abrahão de Moraes (1915-1970), astrônomo e matemático, Professor Catedrático da Escola Politécnica da USP e diretor do IAG-USP.
Situado no município de Valinhos, porém com acesso por Vinhedo, ocupa uma área de aproximadamente 450.000m2, com cobertura vegetal formada por mata nativa onde se encontram abrigadas e protegidas várias espécies de plantas e animais silvestres.
As atividades de pesquisa na área de Astronomia e Astrobiologia repousam em um telescópio refrator (círculo meridiano CCD) de 20cm de diâmetro, automatizado em 1995 e aqui instalado desde 1975, e no laboratório de Astrobiologia (AstroLab), o primeiro do Brasil, que esta sendo instalado. Já na área de Geofísica, o Observatório conta com uma estação sismográfica e uma estação geomagnética. Na área de Ciências Atmosféricas, também em fase de instalação, o Observatório contará com uma estação meteorológica automática. Tanto esta quanto a estação sismográfica destinam-se também às atividades de ensino.
No Observatório são desenvolvidas várias atividades de ensino e divulgação. As visitas sempre ocorrem com agendamento prévio. Recebemos o público durante a semana ente as 8:00 e 17:00 horas, para visita aos instrumentos, uma rápida palestra sobre o trabalho aqui desenvolvido, exibição de imagens feitas com o círculo meridiano CCD e observação do Sol. Já nas sextas, sábados e domingos à noite, por ocasião da Lua crescente, é realizado o evento  "Noite com as Estrelas", onde são feitas observações com os telescópios Prometeu e Asterix. Nestes finais de semana, também há um atendimento diurno, realizado no sábado pela manhã para aquelas pessoas agendadas para tal.
Outra atividade importante realizada no Observatório diz respeito ao projeto Telescópios na Escola (TnE). Trata-se de observações remotas, via internet, com o telescópio Argus, realizadas por escolas cadastradas no projeto. Em breve também serão disponibilizadas atividades do mesmo gênero com a estação sismografica (Geofísica na Escola) e com a estação meteorológica (Ciências Atmosféricas na Escola).
O Observatório ainda conta com um marco geodésico bastante utilizado por empresas e um ponto de gravidade absoluta.

Para conhecer mais, acesse:

domingo, 27 de outubro de 2013

Simplicidade


Se formos procurar, tanto na internet quanto em bibliotecas em geral, a respeito do que religiões têm feito pela sociedade, na nossa história e seus efeitos – bons ou ruins – a conclusão que podemos facilmente chegar é que a mesma possui uma infinidade de argumentações e contra-argumentações que sempre revelam a epistêmica elaboração teológica, o comprometimento racional e lógico de seus detratores para fins de questionamentos que vários dogmas não permitem. Sendo assim, acabamos por direcionar nossos conceitos em torno destes estudos, destas concepções e até mesmo de algumas aliterações poéticas, outras prosaicas, mas de forma a repassar um conteúdo complexo e com o máximo de sensatez que nosso senso pode julgar, ou que, ao menos, consideremos nos representar.
Mas todos são assim (e quando se cita todos, cita-se a totalidade das pessoas neste planeta)? Não, não somos, e nem temos o porquê ser e fazer. A complexidade da sociedade humana passa em despercebido às generalizações, e suas causas são menos dispendiosas que as que usamos normalmente.
Citar um resultado e direciona-lo a uma totalidade, através de uma pesquisa que englobe um tema que atinja muitas pessoas, mas esta sendo realizada por uma população extremamente específica, e com varias e evidentes diferenças entre povos, não pode suscitar a uma realidade abrangente.
Certa vez, uma pesquisa realizada para se constatar o quanto os alunos de escolas pública do ensino médio no Brasil saberiam sobre a compreensão da teoria molecular foi-nos passada, onde a mesma seria analisada. Mas o que mais me chamou a atenção não foram os resultados, mas como foram obtidos. A mesma foi realizada em duas escolas publicas de Belo Horizonte, no ano de 2007, em seis salas de aulas. Mas de que maneira existira uma correlação séria entre a totalidade dos alunos medianos brasileiros e apenas os belo-horizontinos? Não, não há a menor chance de a correlação ser de fato válida, pois mesmo que os dados desta pesquisa corroborassem os números levantados pelo Ministério da Educação, ele apenas diria isso: que os dados do levantamento feitos em Belo Horizonte indicam uma paridade com os dados nacionais. E seria falacioso afirmar que, a partir desta, todos os dados daquela cidade sirvam sempre para analisar o país todo.
Estes erros, em menor consequência, ocorrem com frequência em levantamentos de varias reportagens vinculados a estes dados, inclui-se ai grandes meios de comunicação, blogs, editais e, em escala assustadoramente constante, nas redes sociais. Alegações que, por exemplo, pessoas disseram se sentirem melhores por sua fé, não podem ser extrapoladas para além do fato de que estas pessoas possuem sua individualidade ligada a uma cultura específica, a uma educação e convivência específicas. O mesmo se daria ao afirmar a descrença. E a quantidade de pessoas que aderem à este ou àquele posicionamento não é uma relação específica às informações sociais que temos do local que estas vivem. Não há na maioria das vezes uma relação causal analisada de maneira suficiente às conclusões que vemos muitos tomarem.
Sendo assim, nos perdemos na maior parte dos argumentos que envolvam pessoas e seus comportamentos. E um fator muito importante a se evidenciar nisto são as pessoas simples. O Brasil tem 33 milhões de analfabetos funcionais (cerca de 18% da população), ou seja, pessoas com menos de quatro anos de estudo, e 16 milhões de pessoas com mais de 15 anos que ainda não foram alfabetizadas. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).[1] Como poderíamos imaginar estas pessoas inseridas em determinados contextos que envolvam, por exemplo – e este é o foco deste texto – sua intermitente responsabilidade em compreender o que a religiosidade faz a elas?
A fé, que para elas é monopólio religioso, persiste não apenas como uma necessidade[2] a sua existência, mas uma naturalidade de seu dia a dia. E seus atos vão corresponder à esta naturalidade. Há uma dificuldade insípida das religiões organizadas em se retirar as crendices do comportamento de seus fiéis. Mesmo a rigidez do comprometimento exigido por algumas igrejas não impede, por mais fiel que o indivíduo se mostre, de que este se valha de suas superstições em suas e ações, e isso quando não os associa diretamente à sua religiosidade. Conheço senhoras que, mesmo pentecostais (e estas “lutam” contra isto, pois há o medo do desvio intermitente que houve com a Igreja Católica), não abandonaram costumes regionais como ‘não passar objetos para dentro de casa pela janela’, ou os sincretizaram, substituindo as ferraduras, galhos de arruda e patuás por envelopes (para dízimo) distribuídos nos cultos.
Para qualquer igreja, prelazias que impeçam estas ações são viperinas, onde as mesmas concorreriam com a desfaçatez da funcionalidade destas (para o religioso simplório, em geral, é possível que se uma coisa funcione, a outra também a faça) e isso não angariaria fiéis e, por tanto, poder e dinheiro. Fica, por tanto, melhor que se crie o sincretismo já citado: Já existe a água benta? Melhor que seja água ungida; Fazer óleo de ervas para dor? Não, basta o óleo de cozinha em cima do rádio e suas pregações através das ondas moduladas e frequências moduladas, ou mesmo no altar durante o culto, pois teremos o óleo ungido; Problemas de saúde e espirituais em geral? Esqueça as águas termais, beba a água do banho de seu líder espiritual[3].
Especificamente em nosso país, ainda vivemos no complexo da pobreza e das crendices. E estas pessoas, se não mais são a maioria, ainda indicam o grosso do comportamento social que possuímos atualmente. Séculos de subjulgo e detratação religiosa moldaram à barro a formação das percepção do povo. E, muito naturalmente, fomos nos distanciando disto e nos propondo a assimilações distintas do que sempre se prostrou. Mas ainda é grande o contingente de pessoas que estão arraigadas naquilo ou mesmo possuem dificuldades para se desligar completamente, seja esta uma ligação pessoas, social ou ambas.
Educação é e sempre será a chave para desfazer esta situação. Não apenas o investimento maciço (que também não ocorre), mas a estruturação predial, educacional, pedagógica e funcional do corpo de educadores. As proposições pedagógicas inseridas em todos os tratados de educação no Brasil, seus pormenores indicam uma boa base educacional[4] e abrangente o suficiente para que comecemos uma real formação de cidadãos coerentes. Mas, individualmente, muitos professores ainda utilizam de seus próprios prognósticos proselitista como base para o ensino – às vezes até mais que sua própria formação – o que acaba por desmistificar algo para mistificar outro, mesmo que o intento não seja este, já que reforça no educando o senso de que “pode haver algo fora do alcance das ciências naturais e do que o homem conhece”. Ora, mas o intento das ciências naturais não é exatamente o de se descobrir se esta de fato há? E não seria maravilhoso, portanto, o próprio aluno descobrir o que há – ou não há – neste aspecto, sem ser empurrado a apenas continuar crendo?
Erros intrínsecos nestes aspectos podem minar todo um trabalho na educação da criança, que muitas vezes não possui o respaldo da família e sociedade para desenvolver qualquer tipo de pensamento lógico e cético. Pensemos, pois, que o futuro dependerá quase que exclusivamente disto.

Dedicado à grande amiga Jacqueline K.

Postado por:
#HD


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Divulgação - 1º Hangout D'ARCA- Nossa evolução - Com a presença do neurocientista Rodolfo Martinez Iglezias


          Então galera, neste próximo sábado, dia 23 de novembro, nós da ARCA, estaremos realizando, juntamente com o  neurocientista pelo Albert Einstein College of Medicine em Nova Iorque, Rodolfo Iglesias,  um debate sobre "Nossa evolução". Ele foi honrado por muitas sociedades em torno do globo, como a Sociedade Americana de Neuroquímica, Sociedade Biofísica de Pesquisa, Colégio Europeu de Neurofarmacologia e Federação de Sociedade de Biologia Experimental do Brasil. Criado no Brasil, Rodolfo adquiriu seu primeiro diploma como um Biólogo pela Universidade Mackenzie em São Paulo e continuou seus estudos de graduação como neurocientista no Albert Einstein College of Medicine. Depois de publicar muitos artigos relacionados a doenças neurodegenerativas em revistas internacionais, compreende a importância de apoiar a investigação relacionada com a saúde e a educação buscando o benefício de nossa sociedade. Atualmente dá aula de eletrofisiologia na Universidade de Nova Iorque e é escritor da parte de ciências do jornal The Brasilians em Nova Iorque. Você não pode perder. Acompanhe o Hangout ao vivo no dia e horário pelo nosso canal no youtube www.youtube.com/canaldarca

          Fique por dentro de todas as novidades de nosso grupo aqui no nosso blog e assista aqui a uma prévia "30 minutos na ARCA"  do Hangout de sábado.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O terno de 1 milhão de mentiras


                   Certa vez, por curiosidade enquanto um grupo de amigos conversava sobre as roupas que melhor vestiam as mulheres em nossas opiniões, fiquei curioso e questionei um amigo religioso neo pentecostal sobre o porquê de suas mulheres usarem – quase que irrestritamente – saias, e por que a tão pouco (dependendo da igreja, nula) variância da vestimenta. Sua resposta, a que ele acrescentou aplicar-se também aos ternos dos homens e sua quase recusa em shorts e afins, me fez refletir fundamente: “É uma maneira de nos separamos dos outros”.
Bem, não é segredo para ninguém que, de regra imputa, mas nem sempre descrita, grupos tendem à refutar outros e querem diferenciar-se deles (alguns mais, outros menos). Mas não nos parece meio hipócrita isto, quando os vemos praguejar aos quatro ventos sobre a “falta de compaixão e amor de Deus”, e se isolam (isolam à outros) por tão pouco?
Temos, sempre que necessário – mas de preferência o tempo todo –, compreender a ocorrência das situações que costumam envolver pensamentos e atitudes que se contrapõem numa forçosa harmonia (ou como me ensinou uma grande amiga, o duplipensar[1]). E, como visto em nosso dia-a-dia, vê-se situações assim na relação diária de pessoas religiosas e, talvez mais do que isso, dogmática.[2]
Ao andarmos nas ruas da maior parte das cidades brasileiras, principalmente pouco depois do início da noite, vemos muitas pessoas trajando chamativos e, por vezes incontáveis, incompatíveis vestuários que, socialmente, costumam até mesmo ser bem visto. Por quê? Por quê um homem de terno neste horário é (quase) inevitavelmente visto como um pastor? Dentre os variados aspectos que podemos ver aqui com relação à ligação das vestimentas e da ostentação, este é apenas um minúsculo grão numa praia de obviedade realizadas a milênios pelo ser humano.
Em grupos sociais, as roupas e como as vestimos possui – e a muito possuía – intrincado simbolismo relativo à sua representação de como indivíduo se insere e é inserido no cerne do grupo. Um símbolo destaca um membro; um símbolo indica à que grupo pertence; um símbolo indica sua especialização e de quanto ele pode (deve) ser bom naquilo que faz. Por tanto, o ser humano se viu necessitado de se achar, de se encontrar, como concepção metafísica de sua própria realidade e denotação de seu eu, para não perecer diante das assombrosas ações naturais que fatalmente lhe dilacerariam sua existência. Estes símbolos se aplicavam conforme houvesse uma necessidade intrínseca a determinado momento e ação que, visceralmente, se impunha a todos os membros pelos mais variados membros. Não é preciso reforçar, então, que estes meios de padronização simbológicos e impugnativos se aperfeiçoaram conforme se descobria uma dada melhora dialética, apologética.
Ou seja, esta simbologia toda não era necessariamente natural, como seria as ações que colaborassem com a manutenção do bando (bondade, altruísmo comedido, lealdade, companheirismo). Não. A adoção de símbolos sempre foi mais relacionada às ações de manutenção do grupo, como se este não, possuísse por si apenas, poder o suficiente para esta tarefa. Mas isto é muito mais facilmente relacionado com a insegurança das lideranças em observarem sua dominação completada pela atuação da simbologia imposta.
Isto, portanto, transportado aos nossos dias nos chama a atenção sob vários aspectos visíveis ao se caminhar por menos de 10 minutos em qualquer rua de qualquer cidade no planeta. Roupas, corte (ou não) de cabelos e pelos, trejeitos e tiques, sotaques e gírias, locais onde se mora e onde se frequenta[3]. Certo. Somos macacos sociáveis e vemos a dependência de símbolos – diretos ou indiretos – para nos estabelecermos. Algum problema com isso?
Não, de modo algum. A necessidade de autoafirmação é evolutiva e ajudou o ser humano em sua caminhada à consciência. Mas a contrapartida triste disso e – infelizmente parece ser – inevitável é a sobreposição de um símbolo a outro. Não cito àqueles que simplesmente ficaram ultrapassados por não mais satisfazerem as necessidade de dado grupo ou sociedade, mas àqueles que são desfeitos e denegridos por não condizerem com conotações arbitrárias e impositivas, que muitas vezes apenas estão entrando num novo contexto e são denegridos por uma simbologia arcaica, que seus grupos divulgadores que o tornam “sagrado”, assim não querendo vê-lo definhar e morrer, junto com seu grupo. Aqueles símbolos (os novos) são, portanto, amplamente difamados e possuem sua verdadeira identidade desfeita, independentemente de sê-lo real ou não.
Assim, formamos na compreensão deste texto o escopo de onde tentamos chegar. Sistematicamente, religiões vem durante toda sua história (que nos leva a tempos remotos) desfazendo símbolos anteriores – ligados à fé ou não – para que aquela possa manter-se na ‘eterna’ prosperidade, à medida que vai elevando o status de seus “legítimos” detentores: os líderes religiosos[4]. E o mais curioso – e contraditório, e hipócrita, e displicentemente ignorado – é que os mesmo símbolos religiosos hoje adorados simplesmente se criaram e perfizeram por meio do sincretismo histórico, a transição de ideias de lideres visitantes de terras distantes que traziam suas boas novas e interpelavam noções às vezes distintas, as vezes contradizentes, as vezes apenas não apresentadas acompanhadas. Isso criou a rica mitologia humana, com todas as suas nuances, detalhes, visões, sensações, interpretações, ações e... simbologias!
Mas alguns casos específicos passam pela triste aspereza de se apenas criar símbolos novos pela rude interpretação insossa do que lhe era um inatingível. O terno social teve seu início na corte francesa de Luís XIV, por volta do século XVIII:
(...) o rei (...) já usava; Era moda utilizar paletó, colete, camisa e calças feitas com diferentes tecidos, padrões e cores. O corte era largo, e o terno foi pensado como um vestuário de campo informal, conhecido como "roupa de descanso". Como essas roupas também eram utilizadas para andar a cavalo, os alfaiates faziam uma fenda atrás no paletó - origem das aberturas encontradas nos ternos atuais. Apenas em 1860 todos os componentes de um terno passaram a ser confeccionados com o mesmo tecido. O povo francês gostou da inovação e a aprimorou: Em vez de usá-la aberta sobre o peito, amarrou-a em volta da gola.”[5]

Como traje muito confortável e próximo da padronização exigida pela endossão de empresas e seus empregados, bem como vestuário de estilo, mas caros, conforme o tecido, o corte e o alfaiate (em meados dos anos 20 a 70). Esta vestimenta teve muito de seu auge nos Estados Unidos e, com sua doutrinação cheia de práticas regradas e dogmáticas, um povo extremamente religioso e fúria incessante à tudo aquilo que parecesse perturbar esta “ordem”. Assim, o terno tornou-se uma espécie de “uniforme” para o homem que se via no ápice desta sociedade, em todas as propagações de direitos e deveres com um típico “cidadão americano”.
Não demorou a que se o ideário destas condutas e ações – que inclui aí a vestimenta, a fala e outros mais – fosse espalhado para todo o país e, com isso, tornar-se regra para uso em cultos e celebrações religiosas, vistas que sua importância celebrava a necessidade do uso de seu melhor traje. Estas religiões de cunho protestantes e calvinistas se espalharam pelos países latinos[6], e o intento do símbolo norte americano de padrão de comportamento se espalhara juntamente.
A questão, por tanto, fica muito claro quando analisamos que o fato da vestimenta dos pastores e seguidores religiosos confirma-se como um símbolo, símbolo de uma cultura lhes emprestada e apropriada (no sentido de apropriar-se). Este símbolo demonstra muito mais na compreensão do que se verifica quando a soberba de se inserir num grupo que é visto de forma superior pelos seus membros, mas o irrisório motivo da separação. Sim, conheço (e acho que muitos devem conhecer também) pessoas que gastaram dinheiro que ‘não tinham’ na esperança de agradar (ou fazer-lhes inveja) aos outros membros do grupo. Ou seja: OSTENTAÇÃO, e não mais do que isso.
Acaba por parecer, então, hipócrita numa visão mais prosaica – mas verdadeira – de que a simbologia se mantém na ostentação do símbolo e, assim, na liturgia deste mesmo símbolo. Não apenas o temos, mas o mostramos e ostentamos a razão de nossa deferência ao grupo em que nos mantemos. A igreja lhe incumbe de dizer o quão é bonito e ostentoso este traje, e o quão ele é obrigatório para diferencia-lhes dos outros, incumbindo magistralmente que a função da igreja não é simbiose entre as pessoas, mas seu tácito afastamento (a não ser que o primeiro possa ganhar/reter algo em troca do segundo).
Longe da questão do certo ou errado ou mesmo de julgar qual o procedimento correto para este ou aquele indivíduo e/ou grupo (religiosos ou não), percebemos o quão a pequenez das prioridades humanas tem passado à largas escaladas de se chegar ao firmamento de uma consciência plena e nobre, onde pessoas de grupos diferentes tendem à afastar-se de outras de maneira acintosa e verborrágica, e utilizando da ostentação para deixar isso bem claro. A hipocrisia, por tanto, é um grito que dói aos olhos, mesmo sendo seu total direito de existir.




[1] O termo significaria exatamente isso: pensar de maneiras distintas e alinha-las apeladamente a concordarem, como “O homem é criado à sua imagem e semelhança” e “os erros humanos são erros dos homens” na mesma ideologia.
[2] É importante, também, entender-se que no contexto da vivência das pessoas, muitas vezes as religiões e suas pregações são apenas desculpas engendradas à suas concepções medíocres do ‘certo’ e do ‘errado’. Por tanto, por mais ignóbil que as religiões e suas pregações sejam, elas apenas servem para um pregador angariar devotos e, em contrapartida, estes devotos justificarem suas premissas equivocadas que, muitas vezes, não possuem ferramentas para esta percepção. Então estes são mais dogmáticos por si do que só. A religião é – e faz por onde – sua munição.
[3] Podem-se notar tendências a determinadas concepções como estas, até mesma ‘programadas’ para isso. Mas elas também podem ser impelidas conforme a formação do indivíduo.
[4] Difícil colocar aqui qualquer coisa que não seja a intenção da redundância. O ser humano costuma ser um tanto quanto criativo para se escolher nomes e funções: sacerdote, pastor, padre, rabino, gurus, profetas...
[6] Daí fala-se sobre a Doutrina Monroe, mas aí ficaria muito extenso o texto. (Vá ao link)

Postado por:
#HD

domingo, 13 de outubro de 2013

Professores x Religião x Ateísmo x Ética Profissional

        Ser professora de crianças de cinco a catorze anos envolve uma gama tão extensa de saberes, comportamentos, sentimentos e decisões, que não dá para resumir aqui!
        É também um desafio diário, recheado de situações de conflitos morais, profissionais, éticos e existenciais.
        Ser professora de crianças e ser ateia exacerba essas experiências e essas situações de conflitos para além do descritível. Mas vou tentar:
        Quando os objetivos laicos que deveriam nortear a educação pública são desvirtuados pelas autoridades, colegas de profissão e pais de alunos, pela negação deste desrespeito ao laicismo estatal e pelo policiamento ideológico dentro da escola pública, o conflito ético é inevitável e, quase sempre, não declarado nem sequer debatido.
        Dá-se por vias não oficiais, por persuasão, argumentação da força da maioria e do costume de que sempre se rezou antes das aulas, sempre se vivenciou o Natal, a Páscoa, as Festas Juninas, o Plantio do Milho de São José... E pelo poderoso argumento final: “Os pais não vão gostar”.
        De quê? Das mudanças de abordagem dos conteúdos, das aulas de Ciências negando a Criação Divina, das aulas de História falando em hominídeos peludos e criadores de mitos, das aulas de Geografia mostrando a evolução geológica e negando o Dilúvio e aquela coisa dos seis dias e dos seis mil anos...
        É um conflito que se dá fortemente também pelas vias oficiais, na triste e irrefutável verdade de que a Secretaria de Educação elabora (em conjunto com os educadores) a matriz curricular estadual e municipal...
Determina o calendário escolar, agenda e premia as apresentações dos alunos nas solenidades cristãs lá na Feira de Conhecimentos, no Congresso Tecnológico da Educação, nas Capacitações...
        A religião está presente nas escolas públicas, não só nas aulas de religião, como muitos parecem pensar, sempre que se fala no assunto!
        A escola pública está imersa no Cristianismo ainda pela bagagem religiosa cristã das autoridades da educação, dos professores e professoras, da gestão e do corpo de funcionários da instituição.
        A religião dos profissionais de educação atua como uma força constante, sem adversários, persistente e danosa, agindo de forma aceita e incentivada pelas escolas e pelos poderes públicos; atua no cotidiano escolar e é praticada abertamente pelos educadores, sendo uma inimiga da sua função primeira:
        Estimular e orientar o comportamento científico, no uso do criticismo, na investigação e na apropriação do saber acumulado pela humanidade em sua História. 
        É claro que a religião não entra nas escolas apenas pela atuação dos profissionais de educação (muitas vezes inconsciente, acrítica e desapercebida como um abuso), mas chega à sala de aula através dos próprios alunos, multiplicadores do pensamento religioso de sua família, da sua comunidade e de sua fé.
        Percebe-se que, em questões culturais, a tendência é a tácita imposição das manifestações e normatizações da maioria, já que as outras, minoritárias, são sufocadas, discriminadas e desestimuladas e não se veem representadas no trato social, exceto em seus espaços específicos.
        Que Secretaria de Educação incentivaria e normatizaria manifestações escolares de cunho umbandista, candomblecista ou kardecista nas escolas públicas?
        Seria risco de uma rebelião cristã de professores, gestores e pais de alunos... Sem falar na mídia. O Cristianismo Católico é a cultura religiosa predominante no Brasil. O Cristianismo Evangélico cresce a olhos vistos. É lógico, claro e visível que o Cristianismo é a religião que mais influencia educadores, alunos e pais de alunos.
        Dessa forma, pode-se dizer que o Cristianismo é a religião mais danosa ao estímulo ao saber científico, função primordial da educação sistemática.
        E não me venham dizer que a escola pública é apenas um instrumento governamental de manipulação das populações mais carentes e desprivilegiadas... Isso é um desvirtuamento da função da escola pública, não sua função primeira e eu me recuso a aceitar que será sempre assim.
        O Cristianismo segue contaminando as leis da educação, conteúdos escolares e padrões de mentalidade e comportamento exercidos e alimentados nas escolas. Essa contaminação se dá através do tratamento cotidiano nos espaços escolar e sociais e também nos meios de comunicação de massa, nas ações ou omissões governamentais.
        Estamos cercados pelo Cristianismo na própria atuação daquela bagagem cultural e da normatização de um modo cristão de pensar e ver o mundo e as pessoas, seja de forma consuetudinária estabelecida pela tradição, seja pela força que esta bagagem exerce nas autoridades públicas, nos educadores e no alunado e famílias.

       Para terminar, algumas frases comuns sobre a profissão de professor:        

Magistério é “sacerdócio”. Professores são heróis. Professores deveriam ganhar mais. Sem professores não haveria médicos, advogados, engenheiros...
Professores são formadores de opinião. Professores influenciam os alunos para toda a vida. Professores são exemplos.

        Mas, ouso acrescentar algumas frases minhas: Professores deveriam ser, antes de tudo, proibidos de trazer sua bagagem religiosa para a escola. Deveriam ser treinados para não fazê-lo. Professores deveriam ser profissionais livres para desenvolverem seu trabalho e sua função de orientadores e facilitadores da aprendizagem. Sem a influência antiética e alienante da religião no exercício de sua profissão.

Que aceitem essa influência em sua vida, não é culpa dos alunos.

Postado  por:
J.K.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

As Linhas intrusas - Como nossas leis podem ser interpretadas para benefício próprio de uns e outros.


O nosso ordenamento jurídico, possui em torno de 181 mil leis, algumas delas em desuso ou que já deveriam ter sido revogadas, pois tanto as novas leis que versam sobre o mesmo ou a sociedade já não as comportam dentro do sistema. Estas leis, por ausência de revogação, ou seja, de extingui-las, ainda são invocadas por alguns advogados e outros interessados em favor próprio, muitas vezes na tentativa de que algo esdrúxulo seja amparado de fato. Como se não bastasse este problema, ainda temos a interpretação das leis. Algumas são taxativas ou o próprio tribunal competente define a restrição da interpretação, outras por sua vez, abrem espaço para inúmeras interpretações, algumas coerentes, outras absurdas ou irrelevantes. Diante disso, encontramos vários doutrinadores que se dedicam a escrever obras e mais obras falando sobre diversos assuntos com o único intuito de se fazer entender a lei. Logo, são formadas as correntes doutrinárias, que entre tantos outros aspectos tem a função de formar um entendimento majoritário sobre determinado assunto, que por fim, tem a intenção de influenciar diretamente nas decisões tomadas sobre aquela determinada matéria. No meio desse emaranhado todo de exagero de leis, entendimentos, doutrinas, jurisprudências e tantos outros quesitos precisa-se tomar parte de um tipo de interpretação para que se possa operar de fato o direito, e essa é uma das funções da doutrina. Recorre-se a autores e suas obras buscando o entendimento sobre o assunto, bem como as doutrinas são fundamentais na formação dos acadêmicos de direito, são elas que ajudam, além dos mestres e experiências, a formar estes novos operadores de direito. Esta liberdade de interpretação abre espaço para que pessoas ligadas ao direito e acrescidas de suas paixões, em casos específicos como o do título abaixo, produzam “obras” tendenciosas, muitas vezes passando sobre os princípios constitucionais que regem todo o ordenamento jurídico, induzindo os de pensamento semelhante a utiliza-lo como de fato, certo, e ignorando todos os outros princípios e direitos conquistados até então. Não obstante, apesar de toda essa tentativa de burlar o princípio fundamental do Estado Laico, que aceita a religiosidade e se mantém neutro, que por oposto impõe que a religião não interfira na sua organização, há em sua grande maioria, legisladores, juristas que defendem ferrenhamente que cada coisa continue no seu lugar, interferindo apenas no que é de sua competência. A esperança por fim, é que obras ou pensamentos como este continuem esquecidos nos acervos ou que mantenham-se apenas como opinião de uma minoria, realmente detentora de algum poder para intuí-las em no meio social e não tome proporções a oprimir aqueles que são minorias e necessitam que este tipo de pensamento seja ignorado.

Postado por:
#MG

Trailer do Hangout d'ARCA