terça-feira, 14 de janeiro de 2014

#Um Ateu - Friedrich Nietzche - Exemplo de filósofo


        Nosso #Um Ateu de hoje trás um ícone da educação, da filosofia e porque não dizer, do ateísmo. Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu numa família luterana, em 15 de outubro de 1844. Filho de Karl Ludwig, seus dois avós eram pastores protestantes. O próprio Nietzsche pensou em seguir a carreira de pastor: entretanto, rejeitou a crença religiosa durante sua adolescência e o seu contato com a filosofia afastou-o da carreira teológica. Iniciou, na Universidade de Bonn, seus estudos em filologia clássica e teologia evangélica. Transferiu-se, depois, para a Universidade de Leipzig: isso se deveu, acima de tudo, à transferência do professor Friedrich Wilhelm Ritschl (figura paterna para Nietzsche) para essa Universidade.
        Aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, Nietzsche foi nomeado, aos 24 anos, professor de filologia na universidade de Basileia. Adotou, então, a nacionalidade suíça. Desenvolveu, durante dez anos, a sua acuidade filosófica no contato com o pensamento grego antigo, com predileção para os Pré-socráticos, em especial para Heráclito e Empédocles.
        Em 1870, comprometeu-se como voluntário  na Guerra franco-prussiana. A experiência da violência e o sofrimento chocaram-no profundamente. Em 1879, seu estado de saúde obrigou-o a deixar o posto de professor. Sua voz, inaudível, afastava os alunos. Começou, então, uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento. Em 1882, encontrou Lou Andreas-Salomé, a quem pediu em casamento. Ela recusou, após ter-lhe feito esperar sentimentos recíprocos. No mesmo ano, começou a escrever o Assim Falou Zaratustra, quando de uma estada em Nice.
        Nietzsche não cessou de escrever com um ritmo crescente. Este período terminou brutalmente em 3 de Janeiro de 1889 com uma "crise de loucura" que, durando até a sua morte, colocou-o sob a tutela da sua mãe e sua irmã. No início desta loucura, Nietzsche encarnou alternativamente as figuras de Dionísio e Cristo, expressas em bizarras cartas, afundando, depois, em um silêncio quase completo até a sua morte. Uma lenda dizia que contraiu sífilis. Estudos recentes se inclinam antes para um cancro no cérebro que, eventualmente, pode ter tido origem sifilítica.
        Após sua morte, sua irmã, Elisabeth Förster-Nietzsche e Peter Gast, dileto amigo do filósofo, segundo um plano de Nietzsche, datado de 17 de março de 1887, efetuaram uma coletânea de fragmentos póstumos para compor a obra conhecida como "Vontade de Poder". Essa obra foi, amiúde, acusada de ser uma "deturpação nazista"; tal afirmação mostrou-se inverídica, frente às comparações com a edição crítica alemã, como denotaram os tradutores da nova tradução para o português, e especialmente o filósofo Gilvan Fogel, que afirmou que "é preciso que se enfatize: os textos são autênticos. Todos são da cunhagem, da lavra de Nietzsche. Não foram, como já se disse e se insinuou, distorcidos ou adulterados pelos organizadores".
        Durante toda a vida, tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando à conclusão de que nascera póstumo, para os leitores do porvir. O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarquês leu a sua obra "Assim Falou Zaratustra" e, então, tratou de difundi-la, em 1888.
        Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua própria maneira de minimizar os efeitos da sua doença). Em 3 de janeiro de 1889, Nietzsche sofreu um colapso mental. Dois policiais se aproximaram dele depois que ele causou uma perturbação da ordem pública nas ruas de Turim. O que aconteceu permanece desconhecido, mas um conto, muitas vezes repetido pouco depois de sua morte conta que Nietzsche testemunhou o açoitamento de um cavalo no outro extremo da Piazza Carlo Alberto, e então correu em direção ao cavalo, jogou os braços ao redor de seu pescoço para protegê-lo e em seguida, caiu no chão. Nos dias seguintes, Nietzsche enviou escritos breves conhecidos como Wahnbriefe "Cartas da loucura" para um número de amigos como Cosima Wagner e Jacob Burckhardt. Muitas delas assinadas "Dionísio".
        A doença mental de Nietzsche foi inicialmente diagnosticada como Sífilis terciária, de acordo com um paradigma médico predominante do tempo. Embora a maioria dos comentaristas consideram seu colapso como alheios à sua filosofia, Georges Bataille chegou a insinuar que sua filosofia pudesse tê-lo enlouquecido.

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