terça-feira, 5 de agosto de 2014

A FÉ CEGA


Primeiro eu reconheci que era mentalmente incapaz de pertencer a uma agremiação religiosa. Mentalmente incapaz de seguir um credo porque não consigo por limites nos meus pensamentos. Só depois me reconheci ateu.

As religiões desestimulam a dúvida e a experiência. O ver para crer. Durante séculos, a Bíblia não foi discutida. Assim como não se discutia Aristóteles. Um dia, Galileu subiu à torre de Pisa e de lá deixou cair dois objetos de pesos diferentes e ambos chegaram ao mesmo tempo no chão, contrariando o ensinamento de Aristóteles repetido durante séculos. Daí para que os intelectuais discutissem a Bíblia foi um passo.


Agora que estou escrevendo um livro de poemas, vários deles sobre minhas lembranças de Minas Gerais, fui conferir as anotações de minha agenda de 2007. Anotei o seguinte sobre a sacristia da igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto:

"Lavabo da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto. No centro, a fé segura uma efígie do santo e coroa um capuchinho que tem os olhos vendados. Ele traz os dizeres: Haec est ad coelum griae via ducit (Este é o caminho que conduz aos céus). Sob os seus pés, dois cervos bebem a água. No meio a divisa: Ad dominam curro citiens cervus ad undes. (Corro para o Senhor como os cervos correm sedentos de sede.)"

Bem, o próprio Evangelho diz que "se um cego guiar outro cego, ambos cairão numa cova". (Mateus 15: 14) O louvor que as religiões fazem da fé cega contraria o próprio Evangelho e é preciso ser cego voluntário para não ver isso.
E sem a dúvida não há progresso.

Pobres de nós se todos seguissem os conselhos esculpidos na pia da sacristia desse bela igreja de Minas. Felizmente, escreveram em Latim, língua que poucos conhecem.

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