quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Fundamentalismo religioso desafia o Estado laico mais uma vez


Fundamentalismo religioso desafia o Estado laico mais uma vez.

Projeto de lei que poderia criminalizar a homofobia foi arquivado



Sergio Viula



Depois de oito anos tramitando no Senado sem aprovação, o projeto de lei que criminalizaria a homofobia, a PLC 122/06, demonizada por fundamentalistas eleitos nos currais eleitorais das igrejas pentecostais e neopentecostais, foi arquivado.


Esse arquivamento é uma derrota para a cidadania brasileira, especialmente dos cidadãos LGBT, mas não exclusivamente. Como em todos os meses de janeiro, o Grupo Gay da Bahia publicou o Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais no Brasil relativo a 2014


Foram documentados 326 mortes de gays, travestis e lésbicas no Brasil, incluindo 9 suicídios. Um assassinato a cada 27 horas. Um aumento de 4,1 % em relação ao ano anterior (313). O Brasil continua sendo o campeão mundial de crimes motivados pela homo/transfobia: segundo agências internacionais, 50% dos assassinatos de transexuais no ano passado foram cometidos em nosso país. Dos 326 mortos, 163 eram gays, 134 travestis, 14 lésbicas, 3 bissexuais e 7 amantes de travestis (T-lovers). Foram igualmente assassinados 7 heterossexuais, por terem sido confundidos com gays ou por estarem em circunstâncias ou espaços homoeróticos.


Para quem preza o Estado Laico e de Direito (maiúsculas por reverência), é preocupante que um punhado de fundamentalistas utilize o poder delegado para servir à República e à Democracia na maior Casa Legislativa do país para impedir avanços nos direitos civis, utilizando argumentos que não se baseiam em razões públicas baseados em argumentos racionais e humanisticamente justificáveis, mas em doutrinas e crenças religiosas que, conquanto possam ser adotadas no plano individual, não podem ser impostas sobre as instituições estatais.


Ateus, agnósticos, céticos, humanistas, secularistas, laicistas não podem encarar essa invasão de argumentos religiosos e preconceitos disfarçados de mera opinião como algo de somenos importância. É gravíssimo e prenuncia perigos ainda maiores para a laicidade do Estado Democrático brasileiro. 


É o fim de uma batalha, mas não da guerra. Outro projeto poderá ser apresentado. Já existe mobilização em torno disso. Segundo a Folha de São Paulo, a Presidenta Dilma deseja que seja aprovada uma lei contra a homofobia semelhante à Lei Maria da Penha. Isso, a gente vai ter que ver para crer, mas não custa esperar e cobrar. Que alternativa?



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