terça-feira, 3 de março de 2015

Algumas considerações sobre a campanha pró-vida. - Michelle Goularte


Postei a um tempo atrás uma crítica a campanha contra o aborto desencadeada nas redes sociais, onde várias mulheres resolveram postar fotos com seus lindos barrigões de grávida. Recebi críticas no inbox, indiretas e tive muita conversa improdutiva.

Pois bem, depois de quase um mês resolvi falar sobre o assunto, expor o meu ponto de vista sobre a tal obrigatoriedade de ter um filho sem querer e a mania que as pessoas tem de se achar no direito de decidir pela vida dos outros.

As pessoas que defendem ferrenhamente a proibição do aborto precisam entender várias coisas. A primeira delas é que caso o aborto seja liberado, ninguém vai ser obrigado a abortar, faz quem quer. Da mesma forma que outras militâncias contra a liberação da maconha, os direitos dos homossexuais e tantos outros pontos polêmicos, precisam entender que não vão obrigar ninguém a fazer ou ser como aqueles que buscam amparo legal. 

Outro fato importante que as pessoas parecem ignorar é a quantidade de mulheres que morrem ou que têm graves complicações por conta de abortos feitos na clandestinidade. Aborto é uma questão de saúde pública. 

Nos países onde o aborto é liberado, os números diminuíram. É praticamente uma grande ingenuidade achar que sendo o aborto permitido, a mulher chega ao médico, diz que quer abortar e isso é feito na hora. Não é assim que a coisa funciona. 

Quando uma mulher decide abortar existe todo um procedimento antes que isso seja feito. Acompanhamento e aconselhamento psicológico, social, apoio, etc. E se ainda assim a mulher optar por abortar, o procedimento é aceito. 

Existe um tempo limite para que se possa abortar (deixo claro que trato neste texto do aborto por simples vontade da mulher) que geralmente não passa de 12 semanas, antes disso, o que vocês chamam de bebê não passa de um amontoado de células. 

Quanto aos argumentos religiosos, limito-me a dizer que ninguém é obrigado a seguir suas doutrinas religiosas, seus dogmas e muito menos deixar que impunham como alguém deve pensar, ser ou fazer só porque você acredita. 

As pessoas que você julga por opiniões, comportamentos, escolhas ou simplesmente pelo que é, são cidadãos como você, pagam impostos, tem direitos e liberdade de escolha. Suas lutas e seus direitos devem ser discutidos e amparados, gostem ou não, aprovado ou não por sua crença. 

Prefiro não discorrer sobre a conversa fiada sobre sexo, aquele argumento imbecil que quer obrigar a mulher a ter um filho porque "ela deu" e acredito que também não seja necessário discorrer sobre a pressão que é feita a mulher e o esquecimento das pessoas de que ninguém faz filho com o dedo.


Tenho dois filhos, os amo e não faria um aborto, mas respeito a escolha das outras pessoas, suas vidas, suas decisões.

É contra o aborto? Não aborte.
É contra o homossexualidade? Não seja homossexual e se for, se ferre aí tentando aniquilar o que você é.
É contra o uso da maconha? Não use.
É contra pessoas apontando o dedo na sua cara? Pare de apontar na cara dos outros e cuide da sua vida.

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